Isaltina, 100 anos e Augusto de 1 mês estão abrigados na Capela São Francisco, no bairro Rincão dos Ilhéus

Ela não sabe muito bem onde está e nem o que está fazendo ali, mas o que importa é que está em segurança depois de ver diante dos olhos a sua casa ser tomada pela enchente. Infelizmente, esta não foi a primeira vez que passou por tamanha tragédia, embora a primeira vez em 1941 já não exista mais na memória de Isaltina Laus, hoje com 100 anos. Ela veio do bairro Santos Dumont em São Leopoldo, e está abrigada na Capela São Francisco de Assis, no bairro Rincão dos Ilhéus, desde o início do mês de maio, junto com toda a família. Conforme conta o filho, André Machado da Silva, 41, a mãe presenciou a enchente de 1941, vendo inclusive os animais da sua fazenda serem levados pelas águas. 


Tranquila, tricotando uma manta, Isaltina prefere não se inteirar muito de tudo que está acontecendo e nem como veio parar ali. “Todos me tratam muito bem aqui”, diz a idosa com um sorriso tímido nos lábios. Isaltina é natural de Passo Fundo e mora com o filho André e a nora Taiuane, que cuidam dela. “Nossa casa ficou totalmente debaixo d’água, inclusive nossa lancheria que recém abrimos. Perdemos tudo, mas o importante é que estamos vivos e fomos muito bem recebidos aqui pelos estancienses”, conta Taiuane, com lágrimas nos olhos.


Na mesma família, na outra ponta da existência está o pequeno Augusto Daniel, de apenas 1 mês de vida. No colo da mãe Millena Strugulski, de 21 anos, Augusto repousa o sono da esperança de dias melhores. Milena, o esposo, seus dois filhos, junto com a sogra e o sogro foram resgatados com água acima da cintura. Não conseguiram salvar nada, além das suas vidas, e hoje agradecem por isso.


Esperança no recomeço

“Somos uma família muito unida e conseguimos todos vir para este abrigo, graças a Deus e a bondade de algumas pessoas”, conta Millena relembrando os momentos tensos que passou junto com a família, salvando a vida deles e dos filhos. Milena conta que agora quer recomeçar com uma casinha em Novo Hamburgo, não quer mais voltar para São Leopoldo. “Achamos Novo Hamburgo mais seguro e assim podemos ajudar a família no caso de acontecer tudo isso novamente”, comenta. A tia-vó Isaltina e o netinho Augusto têm muitas coisas em comum, além de serem da mesma família e permanecerem unidos neste momento difícil para todos. Eles não têm a mínima noção de tudo que está acontecendo, mas principalmente, estão seguros e carregam dentro do coração a esperança de que tudo possa ser reconstruído e que possam desfrutar de momentos felizes sempre juntos.


Fonte: PMEV

Data de publicação: 15/05/2024

Créditos: Sandra Costa (PMEV)

Créditos das Fotos: Divulgação/PMEV